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“V DE VINGANÇA”

ANÁLISE DO FILME "V DE VINGANÇA" DISCUSSÕES RELEVANTES PARA O ESTUDO DA PSICOLOGIA SOCIAL.

Freedom! Forever!

No filme “V de Vingança” (V for Vendetta – EUA, Alemanha/2006), baseado na sensacional graphic novel homônima de Alan Moore, nos é apresentada uma historia universal e com características marcadamente políticas. Moore se inspirou no Fascismo (sistema político ditador, nacionalista e anti-democrático, surgido na Europa após a Primeira Guerra Mundial e que se espalhou por diversos países) para criar o ambiente da narrativa de “V de Vingança”, que apesar de fictícia, lembra bastante tempos sombrios da Historia da humanidade e nos traz questionamentos sobre nosso atual momento político.

Esse ambiente é uma Inglaterra fictícia e futurista, governada por um regime totalitário representado na figura emblemática do General Adam Sutler, personagem que nos lembra em muito o famoso Adolf Hitler (1889 – 1945) que liderou um regime fascista na Alemanha pós-Primeira Guerra. Até mesmo seu nome Adam Sutler é um anagrama criado por Moore para lembrar o Fuher alemão.

Na história, o mundo está em guerra. Uma tragédia biológica foi responsável pela morte de milhões de pessoas na Inglaterra após um atentado no metrô de Londres e numa escola em que várias crianças foram mortas. O partido político de extrema-direita do General Sutler aproveitou-se da situação para culpar mulçumanos e opositores do governo pelo atentado e posteriormente culpando os homossexuais e segmentos minoritários pela decadência do país, reforçando a perseguição aos mesmos. (tal Hitler e os judeus na Alemanha).

O General Sutler após assumir o controle da Inglaterra, se intitula Auto Chanceler, cargo mais alto na hierarquia de poder. Seu governo é uma ditadura: não concebe direitos democráticos e persegue opositores. Há também campos de concentração para os inimigos do Governo.

A tática de Sutler para assumir o poder foi “fabricar” um inimigo que precisava ser combatido e somente um regime totalitário seria forte o suficiente para manter a paz e a ordem, desse modo, ele manipula uma população assustada. Para isso, ele utiliza principalmente a mídia para controlar as pessoas. Na fictícia Inglaterra, admiti-se a existência de apenas um canal de televisão estatal, a BTN (uma espécie de CNN), responsável por transmitir apenas as notícias que o governo permite ou fabrica.

Há também uma polícia especial intitulada “HOMENS- DEDO” que vigia a população e monitora suas conversas, punindo qualquer um que ouse duvidar das intenções do Estado. Outra forma de manipulação do Regime de Sutler é o “toque de recolher”: a partir de determinado momento não se pode permanecer na rua, sofrendo o risco de punição dos homens-dedo. Esse toque de recolher é uma maneira de evitar que as pessoas façam o que quiserem nas ruas altas horas da noite, diminuindo o direito de ir e vir.

O governo pretende saber exatamente o que as pessoas estão fazendo, onde estão e se estão partilhando ideias. Um dos temores do Alto Chanceler é ver as pessoas unidas em aglomerados. A lógica é que para manter o Regime é necessário separar os indivíduos e mantê-los isolados em suas casas para que não troquem ideias sobre as decisões do Estado. O exército está a postos para separar quaisquer manifestações populares, embora estas sejam praticamente inexistente devido ao medo, ou como o filme sugere, o conformismo das pessoas.


Juntas as pessoas tem poder para lutar contra um regime que as oprime e que limita sua liberdade. Gustave Le Bon em A psicologia das Multidões dizia que “As massas são perigosas”. Le Bon se referia principalmente ao caráter irracional dos indivíduos unidos numa multidão e os instintos mais primitivos do homem presentes nela.

Na historia, a multidão é perigosa para o Governo de Sutler. O terrorista, nacionalista e anarquista conhecido apenas por V (de Vingança) sabe disso: “O povo não deveria temer seu governo. O governo é que deve temer o povo”. O mascarado V é um terrorista, fruto de experiências biológicas em campos de concentração do regime totalitário.

No entanto, V não quer apenas sua vingança pessoal pelo o que fizeram com ele. Ele pretende a vingança de uma nação inteira, que quer de volta sua liberdade, pois ele representa uma ideia e “ideias não sangram”, ideais nunca morrem. Por isso, além de um homem ele é um símbolo. Quando V é baleado diversas vezes lhe perguntam: “Por que você não morre?”. Ao que V responde: “Não há carne e sangue dentro deste manto, há apenas uma ideia. Ideias são à prova de balas”.

V personifica a anarquia contra a Ditadura de Sutler. Ele é um terrorista que usa bombas para explodir prédios que são símbolos do poder do Estado. Assim, V mostra que às vezes para lutar pela liberdade utilizar alguns recursos drásticos é um mal necessário. Para falar à Inglaterra, ele invade a TV estatal e utiliza o mesmo recurso de Sutler para atingir as pessoas: a mídia. As pessoas são o público.

O público está relacionado com os fenômenos midiáticos, desde a invenção da imprensa até a Internet nos dias de hoje, o público sofre influência do que ler e do que assiste. No filme “V de Vingança” vemos isso claramente, na maior parte do tempo as pessoas se comportam como expectadores da TV estatal e dividem o mesmo vínculo com as notícias que lhes passadas e que absorvem, o que os caracterizam como público.

Um dos primeiros passos de V é destruir a BTN, para que as pessoas deixem de serem expectadores que absorvem notícias inventadas por alguém. V deseja que elas voltem a ser multidão, convida a todos estarem presentes no dia cinco de novembro em frente o parlamento inglês para exigirem o que é seu por direito. Para deixarem de ser passivos e alienados. V explode o último símbolo: o parlamento.

O regime opressor cria sua própria destruição a partir do momento que priva as pessoas de seus direitos. Nesse sentido, o Estado “cava sua própria cova”. Surge a revolução popular, o povo une-se em uma massa que deseja derrubar seu opressor. V apela para a força dos ideais para chamar as pessoas a agirem e a “sair de suas casas” e exigir a liberdade. Como diz o lema de V, “liberdade sempre”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HORKHEIMER, Max & ADORNO, Teodor W. A massa. Temas básicos de sociologia. São Paulo: Cultrix, 1978.

TARDE, Gabriel. O público e as multidões. A opinião das massas. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

www.pilulapop.virgula.uol.com.br/receituario.php?id=292 Acesso em: 28 de dezembro, 2009.



Bruna Rios

Bruna Rios

Um comentário:

  1. Muito bom!
    Assisti ese filme ainda no primeiro semestre.
    ótimas considerações (:
    beijos

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